A plenitude do caminho

Neste artigo

A internet mudou nossa forma de nos relacionar, criando bolhas e intolerância. Mas em Jesus vemos o exemplo de quem entrou em nossas bolhas para transformá-las com amor e verdade, nos desafiando a rever certezas e viver transformação.

Havia em Cesaréia um homem chamado Cornélio, centurião do regimento conhecido como Italiano. Ele e toda a sua família eram piedosos e tementes a Deus; dava muitas esmolas ao povo e orava continuamente a Deus. Certo dia, por volta das três horas da tarde, ele teve uma visão. Viu claramente um anjo de Deus que se aproximava dele e dizia: "Cornélio! " Atemorizado, Cornélio olhou para ele e perguntou: "Que é, Senhor? " O anjo respondeu: "Suas orações e esmolas subiram como oferta memorial diante de Deus.

Antes de mais nada, gostaria que fizéssemos uma pausa aqui para olhar com atenção alguns detalhes da passagem acima, pois ela será extremamente importante para os nossos próximos passos de meditação conjunta.

No texto, vemos um homem chamado Cornélio, um oficial do exército romano, que, por conta da sua posição, tinha todas as suas obrigações, compromissos e comportamentos ligados ao cargo. Porém, mesmo nessa posição, esse homem apresentava algo diferente dos demais. E não era algo político, uma estratégia de bom relacionamento com o povo para que seu serviço fosse realizado com mais tranquilidade. Não era essa a prática comum desse homem, a tal ponto que a comunidade reconhecia que, também, a sua família era diferente das demais. O seu padrão de comportamento era a cultura de sua família. O texto diz que eles eram piedosos, tementes, caridosos e uma família de oração.

Tudo isso, por si só, se fosse hoje em dia, já seria louvável. Se fosse numa igreja moderna, todo mundo olharia e identificaria essa família como uma boa família cristã. A luz dele brilhava em meio à escuridão; seus atos de justiça se destacavam em meio à multidão. Mas… sempre tem um “mas”: sem o Espírito Santo. Como assim?

Isso aponta para uma realidade muito séria, inclusive nos dias atuais. É possível ser exteriormente bondoso sem ter a presença do Espírito Santo. Isso mostra que é factível viver uma vida aparentemente frutífera do ponto de vista externo, visível, material, e, ainda assim, estarmos incompletos — com uma falta contínua de algo que, muitas vezes, nem sabemos nomear.

E aqui vamos para outro exemplo, presente no capítulo 19 de Atos. Diz assim o texto no primeiro versículo:

Enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo, atravessando as regiões altas, chegou a Éfeso. Ali encontrou alguns discípulos e lhes perguntou: "Vocês receberam o Espírito Santo quando creram? " Eles responderam: "Não, nem sequer ouvimos que existe o Espírito Santo".

"Então, que batismo vocês receberam? ", perguntou Paulo. "O batismo de João", responderam eles. Disse Paulo: "O batismo de João foi um batismo de arrependimento. Ele dizia ao povo que cresse naquele que viria depois dele, isto é, em Jesus". Ouvindo isso, eles foram batizados no nome do Senhor Jesus.

Quando Paulo lhes impôs as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo, e começaram a falar em línguas e a profetizar.

Aqui vemos uma situação conceitualmente semelhante. Paulo chega em Éfeso, e encontra alguns cristãos, e vê que eles viviam uma vida de arrependimento. Seus atos exteriores possivelmente indicavam isso, porém o apóstolo identifica que faltava algo. Embora eles se posicionassem como discípulos, parecia que algo não estava completo. E é nesse momento que ele encontra a resposta: faltava a presença do Espírito Santo.

Essa falta, mesmo depois de crermos e sermos batizados, esse sentimento de vazio, ele pode continuar presente, e muitas vezes olhamos para isso de uma forma negligente e medimos a nossa maturidade cristã pelos frutos externos, aqueles que são gerados no arrependimento e que até são possíveis de serem gerados sem o batismo do Espírito. Para o cristão esse é um dos grandes riscos em sua jornada perseverante rumo a perfeição de Cristo.

Pela ausência da fonte, da mudança interior, da nova natureza que é a raiz, a origem do fruto, esses no final, por mais positivos e bem intencionados que sejam acabam se transformando em obras, e não frutos, porque na medida que esse vazio interior permanece, e o arrependimento não é algo que brota, flui de dentro, ele passa a demandar cada vez mais esforço para ser mantido, e nesse ponto a tendência é olharmos para os lados e começarmos o destrutível ciclo de comparação e apontamento, medindo e julgando a qualidade dos frutos, propondo uma busca carnal por mecanismos de eficiência e produtividade para algo que não se produz dessa forma. E tudo isso para preencher o vazio que permanece, mesmo quando levamos uma vida de arrependimento e aparente piedade.

Quando entramos nesse ciclo, a única solução para essa situação é o derramar do Espírito Santo. Por mais que um homem seja bom, reconhecido socialmente como tal, ainda assim sua realidade aponta para um caminho de destruição. A nossa justiça não é capaz de produzir justificação. Inevitavelmente vai faltar paz e alegria. Por que na verdade falta plenitude, e essa plenitude só acontece no Espírito Santo. Não existe outra fórmula. Mas a boa notícia é que para todo aquele que deseja, através do sacrifício de Jesus, Ele se tornou acessível, e disposto a se derramar sobre nós, como Ele mesmo disse no evangelho de Lucas 11:13

Se vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas coisas aos seus filhos, quanto mais o Pai que está no céu dará o Espírito Santo a quem o pedir! "

Como aconteceu no exemplo de Cornélio, ou com aqueles irmãos em Éfeso, era possível encontrar fogo do lado de fora, mas faltava fogo dentro. Eles viviam uma vida de arrependimento, mas o Senhor queria dar a eles uma vida de plenitude — e é aí que toda a história muda. Vamos voltar ao capítulo 10, versículo 44 de Atos:

Enquanto Pedro ainda estava falando estas palavras, o Espírito Santo desceu sobre todos os que ouviam a mensagem. Os judeus convertidos que vieram com Pedro ficaram admirados de que o dom do Espírito Santo fosse derramado até sobre os gentios, pois os ouviam falando em línguas e exaltando a Deus. A seguir Pedro disse: "Pode alguém negar a água, impedindo que estes sejam batizados? Eles receberam o Espírito Santo como nós! "

Então ordenou que fossem batizados em nome de Jesus Cristo. Depois pediram a Pedro que ficasse com eles alguns dias.

Enquanto Pedro pregava, o Espírito desceu sobre todos. Aquela casa, a partir de então, nunca mais seria a mesma. Agora tinha fogo fora e fogo dentro. E esse é o grande ponto dessa mensagem.

A boa notícia completa do evangelho envolve arrependimento, confissão do sacrifício e Senhorio de Jesus, mas é necessária a plenitude do Espírito. As pessoas, por mais bondosas e culturalmente corretas que sejam, por mais que tenham disciplinas espirituais sólidas, precisam — e clamam, em seus corações — por uma vida plena.

E essa vida plena só existe quando recebemos o Espírito Santo em nossos corações, pois é Ele o responsável por ocupar a casa e enchê-la da revelação do Pai, através do Filho, Jesus.

Reduzir a vida cristã a um conjunto de boas práticas é um erro gigantesco quando olhamos para o cenário apresentado nesse trecho da vida da Igreja. O Senhor, na sua maravilhosa graça, preparou todas as coisas: derramou o Espírito sobre Pedro, levou-o para um lugar de revelação, enviou um anjo para falar com Cornélio, colocou esses homens para viajarem por dias e se encontrarem — para que, por graça, e somente por graça, Cornélio, aquele oficial romano que chamava a atenção nos céus, pudesse experimentar a grande alegria do homem na terra: a plenitude do Espírito em seu coração.

Aparentemente, nada mudou no exterior, mas o que mudou eternamente foi do lado de dentro. É nesse lugar que todo homem olha para si mesmo e reconhece: alguma coisa mudou, o que eu faço agora? É neste ponto que surge o grande objetivo discipulador da ordenança que chamamos de IDE.

Precisamos, após o batismo, aprender a viver essa nova e diferente realidade:
Batizados, mergulhados na santidade do Pai, na misericórdia do Filho e na graça poderosa do Espírito Santo.

Todo homem pergunta:
— O que eu faço agora?
— Me ensina a não perder isso.
Num segundo momento:
— Me ensina a carregar isso.
E, num último estágio:
— Me ensina a compartilhar isso.

Essa é a vida da Igreja: mergulhar (batizar) e ensinar (discipular) a viver nesse novo ambiente, nessa nova natureza. Ao ponto de sermos capazes de fazer o mesmo com outras pessoas.

Essa é a boa notícia pregada há dois mil anos e que chegou até nós em sua plenitude: completa, sem nada faltar — o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

E caso você ainda não viva isso, mas deseje, a receita está escrita nas entrelinhas dos textos que lemos. Mas vamos deixá-la didaticamente registrada para quem, assim como a gente, precisa das coisas muito claras para entender:

E eu tenho certeza de que, em algum momento, a porta vai se abrir. Ele vai enviar algum Pedro ou Paulo para compartilhar desse poder — e você vai vivenciar a plenitude do Reino: justiça, paz e alegria no Espírito Santo.


Deus te abençoe com a plenitude dEle mesmo.

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